Cratera Atlas
No quadrante nordeste da Lua localiza-se um par de proeminentes crateras de impacto que homenageia personagens da mitologia grega: Atlas e Hercules.
Diâmetro: 87 Km
Profundidade: 3,0 Km
Coordenadas Selenográficas: Lat: 46° 42′ 00″ N, Lon: 44° 24′ 00″ E.
Período Geológico Lunar: Ímbrico Final (Late Imbrian): 3,75 bilhões até cerca de 3,2 bilhões de anos atrás.
Melhor período de observação: 4 dias após a Lua nova ou 3 dias após a Lua cheia.
Quem foi Atlas?
Na Mitologia Grega foi um dos titãs condenados por Zeus (rei dos deuses, soberano do Monte Olimpo e deus do céu e do trovão) a sustentar o céu para sempre. Foi o primeiro rei da mítica Atlântida. Ele era casado com Pleione (filha dos titãs Oceano e Tétis), com quem teve sete filhas, as chamadas Plêiades (Electra, Celaeno, Taygete, Alcyone, Maia, Sterope e Merope).
Atlas é uma cratera de piso fraturado localizada a leste da cratera Hercules (apenas 30 Km de distância), com a qual forma uma dupla de destaque. Ao norte de Atlas encontra-se a grande e proeminente cratera Endymion (diâmetro: 122 Km), com seu amplo piso liso de lava escura.
Atlas é uma cratera de morfologia complexa que teve seu piso inundado por lava basáltica (magma) que fluiu por rachaduras debaixo de seu fundo, levantando e fraturando o piso. O piso de Atlas é muito interessante por ser fraturado com a presença de uma rede de canais delgados, conhecida como Rimae Atlas, cujos principais canais, que circundam a pequena montanha central, criaram um desenho em forma de “V”. Os canais principais somam mais de 80 km de comprimento.
Essa rede de canais teve origem nas atividades vulcânicas, pois existem no piso interior de Atlas (como no caso da cratera Alphonsus) duas manchas ou halos escuros, com diminutas crateras ou cavidades no centro das manchas, indicando o ponto por onde fluíram quantidades de magma e gás. Depois, como resquícios dessa atividade vulcânica, ficaram esses halos escuros, que são depósitos de cinzas vulcânicas ou material piroclástico.
Cratera Hercules
Diâmetro: 71 Km
Profundidade: 3,5 Km
Coordenadas Selenográficas: Lat: 46° 42′ 00″ N, Lon: 39° 06′ 00″ E.
Período Geológico Lunar: Eratostheniano (Eratosthenian): 3,2 bilhões até 1,1 bilhão de anos atrás.
Melhor período de observação: 6 dias após a Lua nova ou 5 dias após a Lua cheia.
Quem foi Hércules?
Nome em latim dado pelos antigos romanos a Heracles, famoso pela sua força e herói da Mitologia Grega. Era filho de Zeus com a mortal Alcmena, mulher de Anfitrião, rei de Tebas. Enquanto Anfitrião estava na guerra, Zeus transformou-se na figura de Anfitrião para enganar Alcmena e ter com ela o filho Hércules.
A cratera de morfologia complexa, Hercules teve seu piso interno inundado por lava basáltica, tempos após o impacto que a criou na superfície lunar. Seu pico central foi soterrado pela lava escura, que fluiu por fissuras na crosta por debaixo de seu piso.
Se observarmos atentamente o seu centro, veremos uma minúscula protuberância que os cientistas suspeitam ser uma parte remanescente do pico de uma montanha central. Essa minúscula saliência está posicionada ao norte da pequena e jovem cratera Hercules G (14 Km de diâmetro), que quase acertou na “mosca” o centro de Hercules. A borda sul de Hercules está “carimbada” pelo impacto da minúscula cratera Hercules E (9 Km de diâmetro).
A presença de crateras de impacto de maior diâmetro na superfície de Hercules e não na superfície de Atlas, além das paredes de Hercules estruturadas em terraços, criados por deslizamentos de materiais das encostas internas (coisa pouco visível em Atlas), seriam provas de que Hercules é mais antiga que Atlas. Porém, informações provenientes do Programa de Pesquisa de Astrogeologia da USGS (United States Geological Survey), indicam que a cratera Atlas foi criada primeiro que Hercules.
No passado, na região de Atlas e Hercules, foram registrados relatos de TLP (Transient Lunar Phenomenona – fenômeno lunar transitório, breve ou passageiro), que são descritos como aparições rápidas de luzes, cores ou mudança de aparência no visual, o que poderia demonstrar a existência de manifestações vulcânicas, escape de gases ou outros processos geológicos que supostamente implicariam que a Lua não estaria geologicamente morta.
Os aros das crateras Atlas e Hercules estão circundados por barreiras ou “fortificações” criadas por materiais escavados e por escombros ejetados pelos impactos que as criaram. ■