Blog
Selenotopografia

Tipos de formações presentes na superfície lunar (1ª parte)

No artigo anterior falamos sobre as palavras em Latim que definem as formações presentes na superfície lunar. Essas palavras foram atribuídas desde o Séc. XVII para definir os diversos tipos de feições presentes na Lua e essa nomenclatura clássica permanece viva até hoje. Apresentaremos agora alguns exemplos de cada tipo de formação lunar.

Catena: Cadeia de crateras

Exemplo: Catena ABULFEDA.

CATENA ABULFEDA (coordenadas selenográficas: LAT: 16,9º S, LON: 17,2º E) é um alinhamento ou cadeia de crateras com quase 210 km de extensão, composta por uma sequência de impactos de diâmetros variados, na direção Noroeste-Sudeste, partindo da borda sul de ALBUFEDA, passando pela borda norte de ALMANON, atravessando a parte norte da RUPES ALTAI e finalizando em POLYBIUS. É uma cadeia retilínea de pequenas crateras que pode ter sido formada a partir dos pedaços de um mesmo asteroide ou cometa fragmentado que teve um impacto obliquo.


CATENA ABULFEDA é um alinhamento ou cadeia de crateras com quase 210 km de extensão, composta por uma sequência de impactos de diâmetros variados. Foto executada pelo autor em ‎22‎ de ‎fevereiro‎ de ‎2011, ‏‎02:36:08. Clique na imagem para ampliar.

Dorsum (plural: Dorsa): crista ou espinhaço sinuoso presente na superfície dos mares de lava.
Dorsum são falhas definidas como protuberâncias ou rugas de perfil baixo, formadas quando os mares de lava solidificaram nas bacias, forçando partes externas a se contrair, fraturar e deslizar ao longo da superfície.

Exemplo: Dorsa SMIRNOV.

Paralelo à margem leste do Mare SERENITATIS, orientado no sentido Norte – Sul, existe um destacado sistema de estrias rugosas, sinuosas e contínuas, constituído por cristas protuberantes de lava basáltica endurecida. Esse sistema é conhecido como DORSA SMIRNOV e tem 222 km de extensão (coordenadas selenográficas: LAT: 27° 18′ 00″ N, LON: 25° 18′ 00″ E). Junto à borda leste do Mare SERENITATIS também existe a Dorsa ALDROVANDI, com 127 km de extensão. A proeminente cratera de piso fraturado a nordeste de DORSA SMIRNOV é POSIDONIUS, com 101 km de diâmetro.


DORSA SMIRNOV é um destacado sistema de estrias rugosas, sinuosas e contínuas, constituído por cristas protuberantes de lava basáltica endurecida. Foto executada pelo autor em 11‎ de ‎abril‎ de ‎2012, ‏‎03:00:30.

Lacus: lago de lava basáltica

Exemplo: Lacus Mortis

Ao sul da ponta leste do comprido Mare FRIGORIS encontra-se uma grande, antiga, inundada e degradada cratera, que não foi classificada como cratera, assim como ocorreu com Sinus IRIDUM. Estamos falando do Lacus MORTIS (lago da morte – coordenadas selenográficas: LAT: 45° 00′ 00″ N, LON: 27° 12′ 00″ E), uma planície circular irregular, com formato poligonal, coberta de lava basáltica, apresentando cerca de 159 km de diâmetro médio e quase 20.000 km2 de área.

Lacus MORTIS está separado do Mare FIRGORIS apenas por uma faixa de terreno acidentado, não muito larga, com cerca de 65 km. Na metade oeste (principalmente no quadrante sudoeste) da área do piso interno de Lacus MORTIS existe um extenso e delicado sistema de sulcos ou canais (rimae). Esses canais cortam seu piso de lava lisa, e são conhecidos como Rimae BÜRG.

O piso interno pavimentado por lava de Lacus MORTIS hospeda a cratera de impacto BÜRG, de 41 km de diâmetro, posicionada um pouco fora do centro, para o lado leste. O piso também hospeda, ao norte de BÜRG, um domo vulcânico que apresenta aproximadamente 25 km X 40 km de base, conhecido como “Baily A 1”. Sua altitude atinge acima de 500 m em relação à superfície circundante sudoeste, que é mais baixa.


Lacus MORTIS (lago da morte) é uma planície circular irregular, com formato poligonal, coberta de lava basáltica. Foto executada pelo autor em ‎22‎ de ‎fevereiro‎ de ‎2011, ‏‎02:23:30. Clique na imagem para ampliar.

No próximo artigo continuaremos apresentando outros tipos de formações lunares definidas por nomes em Latim. ■

 

Acessibilidade