Escrevo no verão um artigo que será publicado no outono. A mudança de estação acontece (ou talvez eu devesse escrever aconteceu) às 20h35min da sexta-feira, dia 20/3. E por isso mesmo me permito uma pausa (mais uma de muitas, eu sei…) em nossa série histórica rumo ao nosso calendário atual para falar das estações.
Já abordei este assunto aqui e, portanto, me permito uma outra abordagem. Mesmo porque, o post original veio em outro contexto; era um “puxão de orelhas” na Planetary Society por manter um viés nortista em um planeta que tem claramente dois hemisférios!
Este post começa também com um puxão de orelhas, desta vez para o Weather Channel (o “canal do tempo”). Acabo de ver um vídeo deles onde um “especialista” (as aspas são necessárias, acreditem!) nos explica que durante o equinócio o eixo de rotação da Terra fica perpendicular ao Sol. Não, não fica.
(Não vou nem entrar no mérito geométrico do fato, perguntando o que seria uma direção perpendicular ao Sol. Pela arte apresentada no vídeo, entendi que eles quiseram dizer “perpendicular ao plano da órbita da Terra ao redor do Sol”. E isso está errado também.)
O eixo de rotação da Terra é inclinado em relação à sua órbita. Sempre. A direção para onde este eixo aponta é fixa ao longo de vários anos. (Ela muda, mas uma volta completa demora cerca de 26.000 anos, então podemos, por ora, desprezar este movimento.) Vamos imaginar algo com inclinação fixa, tanto em ângulo quanto em direção… Digamos: a torre de Pisa.
Vamos imaginá-la girando ao redor do Sol… Na Figura 1 (abaixo), é justo entendermos que a parte de cima da torre receberá uma maior quantidade de luz e calor. Na segunda figura (clique no botão para vê-la), isso acontecerá com a parte de baixo.
Clique no botão abaixo para alternar entre as imagens.
É exatamente isso o que acontece com a Terra! Há épocas do ano em que um hemisfério recebe mais luz e calor; há dois dias (os solstícios) em que a diferença de iluminação entre os hemisférios é máxima (em um dos solstícios o afortunado hemisfério é o Sul; cerca de seis meses depois, a situação se inverte e quem será mais iluminado é o hemisfério norte).
Pois se há um máximo e um mínimo, é certo que deve haver um “meio do caminho”. Este ponto é conhecido como equinócio (o nome vem do latim, “noite igual”, uma clara alusão de que a duração da noite é igual à duração do dia). Nos equinócios, ambos os hemisférios recebem a mesma quantidade de luz e calor, apesar da inclinação da Terra se manter.
E é isso o que acontece (ou aconteceu!) na sexta-feira, 20/3. ■