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Ainda as recorrências…

Estou com dificuldades de abandonar o assunto e retomar a nossa série histórica. Mas proponho aqui um exercício: imagine o leitor que não contamos os anos e a única maneira que temos de diferenciar um ano do outro é através do casamento entre dia do mês e dia da semana.

Ao invés de pensarmos neste ano como 2015, pensaríamos nele como “o ano em que o dia 25 de abril caiu num sábado”. Pouco prático, não? Mas acredite o leitor que esse tipo de calendário já foi praticado! E não muito longe daqui…

Os maias possuíam três calendários que eram usados simultaneamente. Um, o calendário longo, era um calendário de dias corridos, algo que eu costumo chamar de “o calendário do prisioneiro”, em alusão à imagem clássica de um prisioneiro que marca na parede de sua cela os dias, a medida que passam.

O segundo calendário maia era um calendário civil. Respeitava o ano solar, com 365 dias divididos em 19 grupos: 18 grupos de 20 dias (algo como os nossos meses) e 1 grupo com 5 dias (muito parecido com os dias celestes dos egípcios!). Os “meses” dentro deste ano tinham nomes próprios, e os dias eram numerados.

O terceiro calendário era um calendário religioso. Seu ciclo tinha 260 dias, divididos em 13 períodos de 20 dias. Mas esses períodos não tinham nomes e, por isso, podem ser comparados à nossa semana. Os dias (exatamente como a nossa semana) tinham nome próprio (20 nomes ao todo).

Hoje, 25 de abril de 2015, pode ser escrito de três maneiras diferentes na cultura Maia. É 13.0.2.6.6 na contagem longa (isso equivale a dizer que se passaram 1.872.846 dias desde o início da contagem!). Mas é também, no calendário civil, dia 14 do “mês” Pop. E, no calendário religioso, dia Cimi da “semana” 5. Esta combinação se repete a cada 52 anos, e era assim que os maias diferenciavam os anos! ■

 

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