Em nosso último encontro, falamos de Rômulo, o primeiro rei de Roma, e de seu novo calendário. Rômulo foi um personagem legendário, nascido de uma virgem, criado por uma loba. É apenas natural e sua morte também seja envolta em lenda: ele foi chamado por Júpiter para ir morar no Monte Olimpo, com seu pai Marte (alguns historiadores dizem que ele morreu ao ser atingido por um raio, o que condiz com o modus operandi de Júpiter!).
Depois de morte de Rômulo, houve um período sem reis em Roma, um ano inteiro durante o qual a cidade foi governada por seus senadores, que se revezavam no poder a cada cinco dias! Mas as duas facções principais, os seguidores de Rômulo (os romanos) e os apoiadores de Tácio (os sabinos), chegaram a um acordo e elegeram Numa Pompílio, um sabino nascido no dia da fundação de Roma, como o segundo rei de Roma.
Numa era um homem sábio e justo. E enquanto Rômulo venerava Marte (seu pai, o Deus da Guerra) e Asileu (o Deus da Acolhida), Numa se voltou para Jano (o deus de duas caras, guardião do Olimpo) e Término (o Deus das Fronteiras). Sua mensagem era clara: todos são bem-vindos em Roma, mas devem respeitar as fronteiras (isto é, a propriedade).
Numa reformou o calendário, colocando um fim naquela ideia sem sentido de não contabilizar o Inverno. Fez isso criando dois novos meses: Februarius e Januarius.
Februarius era o décimo-primeiro mês do ano, logo depois de Decembre. Seu nome vem de Februa, o festival de purificação eu era realizado durante o Inverno. Februarius era o mês mais rigoroso do período frio, e as pessoas deveriam se concentrar nos deuses, para proteção.
Januarius, batizado em homenagem a Jano, era o último mês do ano. Seu padroeiro, o guardião de duas caras, via o passado ao mesmo tempo que olhava para o futuro. Quando Januarius acabava, acabava também o ano, e um novo ano começava, em Martius, na primavera.
Um fato curioso: os romanos consideravam os números pares como sendo azarados. Seus meses, respeitando aproximadamente o ciclo lunar, tinham 29 ou 31 dias. Mas 12 meses, cada um com um número ímpar de dias, somavam-se para formar um ano que tinha um número par de dias. E isso era ruim! Por isso Numa criou Februarius com 30 dias, um número par, fazendo o ano ter 365 dias, um número ímpar. Era o mês da purificação, afinal de contas, de modo que as pessoas deveriam estar a salvo do azar. E foi assim que, desde sua criação, o nosso mês de fevereiro já era diferente em relação aos demais! ■