Uma das várias maneiras de explicar o meu ofício é descrevê-lo como uma tradução. Meu objetivo principal como divulgador de ciência é explicar, em linguagem do dia-a-dia, termos, equações, descobertas e novos paradigmas. E se a missão é essa, tomar algo que está escrito de certa maneira e reescrevê-lo de um jeito que seja mais acessível à população, isto é ou não é uma tradução?
O segredo da boa divulgação (que é o mesmo de qualquer tradução) é respeitar sempre o material original. Não acrescentar nada, nem omitir. E, claro, produzir algo que, ao final, será lido e entendido pelo seu leitor-alvo.
Mas por que falo em traduções? Porque em meu último post, publiquei um poema em inglês. E desde então penso em traduzi-lo. O objetivo deste blog é trazer aos nossos leitores conteúdo original e relevante, e em português!
Traduzir poemas, porém, me é mais complicado do que traduzir equações!
Enquanto continuo tentando, deixo-os com mais um poema em inglês (e com sua tradução, que demorei muito para fazer). O original é de Robert Frost. Chama-se “Fire and Ice” e é muito citado no contexto da Cosmologia, pois fala do fim do mundo, que pode ser tanto quente (o fogo) quanto frio (o gelo). Muito similar aos cenários do Big Crunch e do Big Chill da moderna Cosmologia…
Com vocês, “Fire and Ice”:
Some say in ice.
From what I’ve tasted of desire
I hold with those who favor fire.
But if it had to perish twice,
I think I know enough of hate
To say that for destruction ice
Is also great
And would suffice.
E sua tradução não-oficial, de minha autoria:
Alguns dizem gelo.
Mas do que já experimentei, do desejo, o jogo
Concordo com aqueles que dizem fogo.
Mas se eu tivesse que de novo fazê-lo.
Acho que conheço o ódio suficiente
Para dizer que a destruição pelo gelo
Também é excelente
E teria o seu apelo. ■