O trem estava de volta ao trilho, graças ao Ano da Confusão. Mas como garantir que ele não descarrilaria de novo? Júlio César foi buscar a receita no Egito.
Devido à sua localização geográfica, a civilização egípcia praticou uma extrema acurácia ao criar seu calendário. Dividiu o ano em treze partes, 12 partes com 30 dias e uma parte adicional, com cinco dias. Estes cinco dias eram chamados de “dias celestes”.
Esta divisão contemplava 365 dias em um ano, e era baseada em observações da estrela Sírius, na constelação do Cão Maior. Já escrevi sobre isso aqui… E terminei aquele post dizendo que as observações astronômicas mostraram que a cada quatro anos era correto acrescentar um dia ao ano, criando um dia celeste adicional. Mas não expliquei exatamente porque…
O ano reflete o tempo que a Terra leva para dar uma volta ao redor do Sol. E esse tempo, infelizmente, não pode ser descrito com um número inteiro de dias. O “ano astronômico” tem cerca de 365 dias, 5 horas e 48 minutos. Se respeitarmos a precisão egípcia daqueles tempos, podemos usar o valor 365 dias e 6 horas.
E assim os egípcios instituíram a intercalação de um dia a cada quatro anos: ignorava-se essas seis horas adicionais durante três anos seguidos, criando um déficit de 18 horas entre o calendário civil e o calendário astronômico. No quarto ano, juntava-se as seis horas daquele ano às 18 horas devidas e criava-se um dia extra, “pagando a dívida” de 24 horas a cada quatro anos.
E foi justamente isso o que Júlio César fez no calendário romano, respeitando as instruções do astrônomo alexandrino Sosígenes: trouxe para Roma a intercalação de um dia extra a cada quatro anos!
Júlio César trouxe o ano bissexto para o nosso calendário! ■